quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Eis-me aqui

Eis-me aqui eu disse, há tudo de mim aqui, todas as minhas dores, fraquezas, minhas tristezas, minhas cicratizes, toda a humilhação. Deus, eis meu coração aqui, eis minhas feridas e tudo o que julgaram de mim. Senhor, eis meu choro, minhas lágrimas já nao podem mais molhar, não suporto mais meu pranto e meu lamento me sufoca. Pai, a minha alma, o que plantaram nela pesa como o grito dos que estão no vale dos desesperados esperando por uma oração que os salvem. Meu corpo já não suporta nada como antes e eu me curvo ao sofrimento das injurias de quem levou tudo de mim e usa com ignorância os meus sentimentos que são verdadeiros. Covardia de quem é incapaz de amar e entender o amor, de ser real e querer apenas machucar, dissimular até conseguir levar o que precisa para poder voar. Cristo, dê-me sabedoria e afasta de mim esse cálice de ódio e mentiras, não seja essa a minha fonte para a vida nunca mais. Meu Deus... meu Deus, me abandonaram e me culpam. Por que não me leva de uma vez se meu corpo está doente? Eu queria repousar em seus braços como ovelha ferida por lobos após uma madrugada de terror, eu queria estar mais perto de Ti. Deixe-me aqui então, Senhor. Farei virar testemunho do que é passar pelo purgatório 3 vezes antes de morrer e quando for a hora eu irei de bom grado até a sua morada repousar a minha alma. Eis-me aqui, meu Protetor, eis-me aqui até onde Tu quiseres. Purifica meu coração como antes. Entregue-me a cruz no calvario, mas não permita-me sentir ódio ou qualquer mal, não sou o pão vindo da pedra, não vou me render aos que de mim zombam, dê a eles paz, é o que peço a Ti. Eis-me aqui, e até meu fim direi que eis-me aqui.

sábado, 15 de novembro de 2014

Rascunho

Esse é mais um texto sobre alguém que não vai se importar e nunca virá até aqui para saber. Mais um texto sobre perder mais alguém. Mais palavras sobre como lidar com "te quero fora da minha vida", "se toca", mais sobre sentir humilhação e mesmo assim não deixar que isso desfaça todas as partes boas que você conheceu de alguém. É só mais um texto sobre uma tarde fria de sábado em que você se encontra só e pensando sobre como seria estar ao lado desse alguém que não te quer mais. Como seria se ao invés de ter mais pessoas para dizer "esquece" tivessem mais pessoas para dizer "lute por seu amor". Só mais um pouco do sentimento que está aqui tão preso em lembranças tão doces. Ah! Se fosse fácil te odiar eu até odiaria, mas que bem faria a minha vida querer-te mal? Que bem faria desejar que você se machuque se já faço isso em seu lugar? Desculpa, nunca fui o que você pensou que eui seria, não fui vingativa ou quis te fazer mal. É que, amor, eu nunca fui nada dessas coisas ruins que você tanto pensou, é estranho não me ver por ai derramando veneno apenas para te ferir, eu sei, é que eu entreguei meus caminhos a Deus e na paz dele foi aonde eu me encontrei e lá eu rezei para que toda essa dor não destruisse o meu coração nem o seu. Mas e o seu? Pra onde foi que não em seu peito? Quando o vires diga que este meu ainda bate e jorra palavras de ternura por ele. E este foi mais um texto sobre amar e nao ser mais amado; sobre sentir e nao haver mais sentido; sobre dizer quanto lhe quero e o quanto me queres longe. Em paz.

sábado, 18 de outubro de 2014

Blame It On The Rain

É difícil recomeçar após tantos sonhos deixados para serem enterrados. É difícil querer ver esperança  no que já morreu. É como se a cada dia você tivesse que deixar grandes partes de você para trás e refazer cada partícula do seu próprio corpo para que não sinta falta daquele que te protegia.
Ás vezes você diz a si mesmo que é melhor assim, diz duramente não mais precisar, até chega a acreditar, mas alguém ainda pergunta, ainda há fotos e palavras espalhadas por ai, há lembranças em cada parte do que era sua rotina, há lembranças até em pequenos gestos, objetos, preces, no caminho de ida e volta para casa, há lembranças em tudo que dificilmente serão apagadas ou odiadas. Foram deixadas ali ao lado do que precisa ser enterrado. 
Parece um adeus que nunca fora dito, como uma folha esquecida no caminho a ser levada pelo vento - sem rumo.
Então você começa a conhecer pessoas, a completar vazios, sente que vai esquecendo, mas é mentira, você não esquece, você tenta não se importar e sente o peito arder por quem, talvez, não sente mais nada.
A vida é engraçada, você deseja friamente que o mundo dê voltas, mas no fundo você apenas quer estar feliz de novo, sorrir de novo e parar de chorar, você só quer um dia não poder lembrar ou sentir qualquer coisa, você quer esquecer o que tanto amou, machucou, sonhou, idealizou, realizou, esperou...
A morte daquilo que ainda está vivo, certamente é a morte mais triste de todas, cada lágrima tem uma lembrança doce afogando o que já fora amargo para quem sabe poder descansar feliz nesta agonia.
E se eu pudesse apenas fazer de você uma lembrança, guardaria você agora no lugar mais sagrado que tenho em mim, para não fazer sofrer quem um dia fora em mim tudo, quem um dia fora em mim inspiração para ser alguém melhor. É no silencio de dias em que consigo sorrir que me lembro de você, é nessa paz silenciosa em que derramo minhas orações a você. E eu me lembro do que eu sempre guardo tão carinhosamente das pessoas que já amei de cada sorriso ou risada, mas de você eu guardo um silêncio eternizado onde eu encontrava paz, quando eu fechava os meus olhos e me dizia "não vou perder você, nunca me deixe ir", é neste silêncio em que tento me refazer me dizendo que seremos melhores do que já fomos, é neste silêncio que juro esquecer todas os dias ruins e passo a separar as boas lembranças a serem guardadas e protegidas. Não vale a pena me desfazer da pureza que um dia eu conheci, é como abandonar um jardim e deixá-lo morrer e o pior de tudo: assisti-lo morrendo enquanto há vida.
Que as lágrimas que caírem docemente regue este jardim algum dia, mesmo que não sejamos nós a recolher todas estas flores. Culpe esta chuva. 

sábado, 11 de outubro de 2014

Welcome to the party!

E nesse baile quando as máscaras caem o que lhe resta? Nessa dança dos dias, onde você flutua sutilmente esbanjando toda a sua força, quando ela esvair o que lhe resta? Os sorrisos embriagados, os falsos brindes a sua liberdade e estes rostos escondidos por de trás de tanta vergonha, quando o baile acabar o que irá restar?
Restará você, suas asas fracas, sua força dissimulada e sua máscara não mais servirá. Restará seu corpo imerso nesta sujeira. Quem foi você neste baile? Quem é você hoje além de uma insistente aparência em agradar? O que você foi? Você teve algum significado? Você ao menos, por de trás desta máscara, foi real? Você é real?
Estamos na dança dos dias, onde uma alma livre esbanja liberdade sem pensar que amanhã, sozinha, irá limpar toda a sujeira deixada pelos convidados que aproveitam o momento certo para sair sem nem ao menos dizer adeus.

A música está alta demais? Sua bebida está fraca demais? Você quer mais? Falem mais. Riam mais. Sejam algo. Dissimule-se cada vez mais. No final vocês vão limpar a sujeira? Sejam bem-vindos a sua nova casa. Vistam suas máscaras.